Ut pictura, poesis: diálogo(s) inter-artes no romance Uma Florença para Caravaggio, de Diomira Maria
Resumo
O presente artigo procura evidenciar o elo inter-artes que domina a obra Uma Florença Para Caravaggio, da escritora brasileira Diomira Maria. O discurso do narrador reenvia-nos para Florença, a cidade onde vive a família Médicis, um espaço requintado e culturalmente florescente, onde dialogam, nas mais altas esferas culturais, os artistas da renascença italiana. Num périplo que se faz caminhando ora apressadamente, ora com lentidão, o leitor vai descobrindo a paisagem humana e a paisagem natural sob a égide da visão, mas, também, dos outros sentidos. O percurso realizado na obra pode servir como base para um passeio turístico na contemporaneidade. Numa revisitação literária, é possível realizar um trajeto que evidencia os espaços focalizados na obra, que podem traduzir uma “literatura de turismo”, passível de ser visitada: a ponte di Vecchio; a catedral de Florença; o baptistério; as ruas; os palácios com maior destaque na cidade; os conventos; as igrejas; as galerias onde a arte se refugia. A trama que envolve a ligação amorosa vivenciada entre Maria de Médicis – futura rainha de França – e o pintor milanês Miguel Caravaggio serve de pretexto para se aflorar diversas temáticas. E assim brotam, ante os olhos do leitor, as artes, quer pela abordagem que delas se realiza nos diálogos das personagens, quer pelo resultado efetivamente concretizado pelos artistas, de onde sobressaem a pintura, a arquitetura e a escultura, passando pelo teatro. Entre elas, a problemática da arte no feminino ou a importância da educação feminina, e faz embrenhar o leitor numa arte duplamente arquitetada: a da narração e a da pintura.
Direitos de Autor (c) 2024 Natália Constâncio
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Artigo aceite em 2024-10-19
Artigo publicado em 2024-10-19